segunda-feira, 22 de novembro de 2010

SER OU FAZER?: EIS A QUESTÃO - Psicopensando

Apresento aos colegas um texto que apresentei no Dia do Psicólogo, na PUC Arcos, no qual trago a reflexão acerca da profissão de psicólogo ainda no início do curso.


O psicólogo é, antes de tudo, um ser humano. A História da Psicologia nos remonta ao fato de que o homem constrói e busca a história como forma de se encontrar, ver-se no tempo e no espaço. Descartes já dizia: “Penso, logo existo”. Pensar a profissão de psicólogo é muito importante, pois traz à luz a necessidade que o profissional da psicologia tem de perceber que o que ele faz não é em vão, ilusão, mas existe.


Muitos podem pensar, por forças culturais e históricas, que ser psicólogo é estar em uma sala com um divã na qual ouve, disseca a pessoa que lhe conta seus traumas, alegrias, desconfortos, enfim, sua história, para ser analisada. O psicólogo, então, de uma forma fascinante e até miraculosa começa a procurar o “fio da meada”, dando sentido, um nome, um significado ao que antes eram trevas.

Mas não é bem assim, e todos nós sabemos ou almejamos saber na sua totalidade essa questão. Ser psicólogo não é somente isso, de forma alguma. Milagres não é conosco. Ser um profissional da psicologia é ser, antes de tudo, um ser humano em busca da verdade, um cientista, objetivo, desmistificador, usando os métodos e conceitos que podem ser usados em qualquer parte do mundo.

O fato de ele ser um homem ou mulher da ciência não retira dele sua capacidade de analisar, decifrar, intuir. Estudar a mente é uma arte, é como caminhar em um labirinto, sendo tudo sempre novo e desafiante. Ser psicólogo é ir do caos para o harmonioso; do anônimo para o nome; do sem significado para o significado; do aberto para o fechado; da angústia para a esperança.



Citando o Poema de Carlos Drummond de Andrade,



“Poeta do finito e da matéria,

Cantor sem piedade, sim, sem frágeis lágrimas,

Boca tão seca, mas ardor tão casto.

Dar tudo pela presença dos longínquos,

Sentir que há ecos, poucos, mas cristal,

Não rochas apenas, peixes circulando

Sob o navio que leva esta mensagem,

E aves de bico longo conferindo

Sua derrota, e dois ou três faróis,

Últimos! Esperança do mar negro.

Essa viagem é mortal, e começá-la.

Saber que há tudo. E mover-se em meio

A milhões e milhões de formas raras,

Secretas, duras. Eis aí meu canto.



Ele é tão baixo que sequer o escuta

O ouvido rente ao chão. Mas é tão alto

Que as pedras o absorvem. Está na mesa

Aberta em livros, cartas e remédios.

Na parede infiltrou-se. O bonde, a rua,

O uniforme de colégio se transformam.

São ondas de carinho te envolvendo.



Como fugir ao mínimo objeto

Ou recusar-se ao grande? Os temas passam,

Eu sei que passarão, mas tu resistes,

E cresces como fogo, como casa,

Como orvalho entre dedos,

Na grama, que repousam.



Já agora te sigo a toda parte,

E te desejo e te perco, estou completo,

Me destino, me faço tão sublime,

Tão natural e cheio de segredos,

Tão firme, tão fiel… Tal uma lâmina,

O povo, meu poema, te atravessa.” (ANDRADE, 1945, p.10-11).



O dia 27 de agosto, portanto, traz um norte ao fazer do psicólogo e muito mais, um norteamento ao seu ser.

Portifólio de Daniel dos Reis Pedrosa - Grupo Psicopensando

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