REFLEXÃO SOBRE A CONFERÊNCIA DE ABERTURA DA III SCAP
No período dos dias 19 à 23 de setembro aconteceu na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, unidade São Gabriel, a III Semana de Ciência Arte e Política. Na qual a mesma, objetiva a apresentação de trabalhos acadêmicos, minicursos, oficinas, cinema comentado, conferências. Uma gama de possibilidades que proporcionam grandes conhecimentos.
No dia 19 de setembro, foi proposta uma Conferência de Abertura: “Gestão e cuidado: Interfaces entre teorias e práticas, que contou com a participação de Willian Cesar Castilho Pereira, doutor na área de serviço social e a Professora Liza Fensterseifer, Coordenadora do Curso de psicologia da unidade São Gabriel.
Castilho inicia a conferência falando de sua pesquisa, na área da saúde. Aborda a questão dos profissionais médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais, que também precisam de cuidado para que não venha a ser acometidos pelo adoecimento, pois a dedicação ou o trabalho exaustivo podem acabar ocasionando a síndrome Burnout, doença do trabalho, que se caracteriza pelo adoecimento psíquico acumulativo, fruto do desgaste orgânico principalmente nas relações afetivas interpessoais no trabalho.
A principal causa da síndrome de Burnout, está relacionada ao esgotamento profissional, estando a mesma categorizada no CID-10, como o código 2.73, “a sensação de estar tudo acabado”. Esta síndrome foi descrita em 1974, pelo medico Américo Freudenberger.
O palestrante não trouxe somente dados do contexto clínico que são acometidos pela síndrome, mas, descreveu e discutiu também sobre questões da área organizacional, onde se observa que a síndrome do esgotamento, também é disseminada por esta área. Questionou a existência de muitas polêmicas e generalizações quanto a este diagnóstico, pois perante aos primeiros estudos observa-se que os sentimentos bons podem se tornar uma aversão.
A teorização da pesquisa tomou como base, os autores Herbert e Edeiwch, da linha evolucionista do entusiasmo, que parte do princípio que a consciência ou inconsciência, são acometidos pela desilusão do sujeito frente ao trabalho. Um terceiro autor, Prince, argumentava que a síndrome era uma questão do luto ou até mesmo de rosário de perdas que o sujeito era submetido.
Estas três abordagens colocavam a questão da tensão afetiva ou do sofrimento psíquico. Onde o sujeito não falava das dificuldades, mais sim guardava para si o que gerava um desconforto.
Castilhos, finalizou sua apresentação falando dos três modelos de tratamentos do tema proposto:
1- Modelo tradicional realizado pelos psiquiatras. Através da utilização de remédios tranqüilizante, antidepressivos e também encaminhamento para psicoterapia.
O palestrante ressaltou fortes críticas sobre este modelo, onde à deslocamento da responsabilidade para o sujeito. Evidencias da falta de transdisciplinaridade, reduzindo ou atingindo o fenômeno ao reducionismo. Considerando o não reconhecimento do fenômeno como um todo na sua amplitude, o que acaba por não envolvendo dados importantes emergentes na psicologia.
2- Modelo Ideal (original), que envolve a clínica disciplinar, com pressuposto de uma ciência positivista. Acentuasse uma saber único, e os sintomas são visto de forma restrita. O diagnóstico é feito não para a compreensão, nem ao menos para um tratamento abrangente, mais com o objetivo resolver o problema dos sintomas através de uma escuta profissional.
3- O modelo Psicossocial é voltado para a transdisciplinaridade, contado com multiplicidade de práticas que estão em torno dos vários profissionais. Ressaltando que é feita sua articulação com os aspectos históricos, sociais da gestão e do cuidado.
Este modelo visa a transformação das condições do trabalho potencializando as competências das pessoas. Focalizando não meramente nas sintomatologias mais em cuidar da gestão do cuidado.
Ao final da conferência importantes considerações foram feitas, uma delas se tratava de qual ênfase era a mais importante a da gestão ou do cuidado. Este apontamento foi muito marcante, pois corresponde bem o momento que os alunos do 6° período de psicologia estão vivenciando. O momento da escolha das ênfases, este fato acabou por provocar outras grandes reflexões.
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