segunda-feira, 14 de maio de 2012

Psicare- Dia da Luta Antimanicomial


O dia 18 de Maio é um marco do Movimento Antimanicomial em relação a luta pela assistência em consonância com os princípios do SUS. Este dia significa o enfrentamento do estigma que ronda a pessoa que sofre com o transtorno mental, rearma seu direito de um tratamento público, integral e de qualidade e a possibilidade de exercer sua cidadania
Precisamos reafirmar que a loucura pode e deve ter o seu lugar no mundo, que as subjetividades individuais contribuem na construção do todo social e que a aceitação das diferenças fazem parte do ideal de democracia e da esperança de um outro mundo possível. É o dia de encontrar nossos parceiros e avançar na construção de redes intersetoriais que possibilitem a diversidade do cuidado, a crítica, a ética e o respeito.

Não seria a própria doença mental uma instituição, ou uma invenção social? Não é o psiquiatra ou a sociedade que criam a loucura, mas eles são responsáveis pela maneira com que ela se cristaliza nos asilos. No paciente não está a única, nem sequer a principal razão de sua internação, embora haja tendência a atribuir o fato à sua doença mental. Abstraí-lo de seu mundo e estudá-lo como indivíduo isolado é cometer aprioristicamente uma cisão. É necessário incluir, pelo menos, os familiares e os integrantes do corpo assistencial para tornar a equação compreensível e não reduzi-lo a mero objeto de tratamento. As brutalidades concomitantes, implicitamente faz de um amor familial obsessivo e aprisionador virar violência.

Neste artigo a Psicóloga do Núcleo de Apoio Familiar, Rita Cardoso, retrata um pouco a história da reforma psiquiátrica.

A Luta Antimanicomial, de maneira geral, é um processo de transformações nos Serviços Psiquiátricos. Refere-se a um conjunto de transformações no tratamento a saúde mental e na própria concepção de “loucura”.

A loucura já foi tida tanto como santa, como demoníaca. Mas sempre julgada e subjugada. Quando não havia tratamento os familiares eram os responsáveis por seus “loucos”, Com a institucionalização do tratamento surgiram os hospícios e manicômios como formas (errôneas) de tratar a doença.

Por séculos os “loucos” eram tratados como animais e a única meta era domesticar-los, adequá-los a sociedade, ou mesmo execrá-los desta, já que representariam perigo a algo que chamam de bem estar social. Diante deste quadro, o Movimento Antimanicomial visa não só quebrar os muros do manicômio, mas, humanizar o tratamento aos doentes mentais.

A loucura ou doença mental é na verdade mais uma forma de sofrimento. Os loucos “são aqueles que foram expulsos da sociedade, que os julga de uma periculosidade sem remédio. (...) O problema deles é com a forma de ser no mundo, não há uma ruptura com a realidade, pelo contrário, no manicômio eles são execrados de qualquer possibilidade de contato com a realidade”.

No Brasil é a Luta Antimanicomial é comemorada no dia 18 de maio, data em que ocorreu o Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, na cidade de Bauru, São Paulo em 1987. Pode-se registrar como evento inaugural, desse movimento, a crise institucional vivida pela Divisão de Saúde Mental do Ministério da Saúde, (DINSAM) na década de setenta.

Do Movimento Antimanicomial no Brasil surgiu a Lei 10216 de 2001 (Lei Paulo Delgado). Sancionada em 2001, tal Lei apesar de não instituir mecanismos claros para a extinção dos manicômios, se dispõe a preservar os direitos dos portadores de doenças mentais.

Há pouco tempo, temos o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), é um Órgão Governamental de promoção humana que oferece tratamento psicológico assistencial e psicossocial aos “loucos” viando a sociabilidade de seus usuários e deixando pra traz os modelos de internamento e exclusão.

Sabe-se que ainda há muito que fazer e precisamos nos engajar nesta luta “A luta não é apenas dos ditos loucos, mas da sociedade, deste modo a heterogeneidade do movimento não reforça estereótipos e preconceitos, mas dá uma lição de cidadania. Dignidade deve ser pra todos”*.

Antes de ser mal interpretada, ressalto que criminosos, ainda que loucos, devem ser punidos. E não falo em deixar a sociedade melindrada com a eminência de eventuais

Caetano Veloso disse sabiamente que “de perto ninguém é normal”. Está na hora de cada um se olhar sem retoques e reconhecer que não somos donos da realidade e que uma pessoa portadora de sofrimento mental, também tem o direito de inventar sua normalidade.

Estejam atentos aos eventos de comemoração e conscientização neste dia 18 de maio em Arcos e Região. Esta luta é de todos nós.


O GRUPO PSICARE CONVIDA A TODOS PARA O EVENTO
DOIDOS POR LOUCURA!!!

O DEZOITO DE MAIO NA PUC SÃO GABRIEL

SEMINÁRIO:
O SUS E A REFORMA PSIQUIÁTRICA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

DATA: 15 DE MAIO – 19:00HS
LOCAL: TEATRO DA PUC SÃO GABRIEL
OFICINAS DE CONFECÇÃO DE FANTASIAS PARA O DESFILE DO 18 DE MAIO:
LOCAL: DA DE PSICOLOGIA DA PUC SÃO GABRIEL
DATAS: 14 A 17 DE MAIO – 14:00 ÀS 17:00


Nunca a Psicologia poderá dizer a verdade sobre a loucura, que é essa que detém a verdade da Psicologia.Michel Foucault

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