Resenha:
PICHON-RIVIÈRE, Enrique. Psicologia da Vida Cotidiana. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
Enrique Pichon-Rivière, nasceu na Suíça e, aos três anos de idade, mudou-se com sua família para a Argentina. Foi pioneiro da Psicanálise na América Latina, e um dos fundadores da Associação Psicanalítica da Argentina (APA), criando assim a Psicologia Social Operativa e a técnica dos grupos operativos.
Gradativamente, Pichon-Rivière foi deixando a concepção da Psicanálise Ortodoxa, focando o seu trabalho nos grupos sociais, desenvolvendo uma nova perspectiva, que culminou na Psicologia Social. O autor em questão concebe o psicólogo social como sujeito imerso na realidade na qual desenvolve a sua análise. Seguindo essa lógica, Pichon-Rivière, elabora o livro Psicologia da Vida Cotidiana, a partir de observações, perante noticiários, notas de jornal, revistas e boatos de rua. O referido livro aborda uma gama de temáticas, que emergem das relações humanas, trazendo uma análise que parte de situações concretas da existência. As situações abordadas por Picho-Rivière vão desde futebol, vida noturna e boato.
Pichon-Rivière realiza a leitura de um homem constituído de necessidades, sendo que, em função destas, estabelece relações com outros homens e com o meio, com o intuito de satisfazer tais necessidades. Sendo assim, na sequência necessidade-relação, necessidade-produção, o ser, a partir de suas necessidades, constitui vínculos sociais, produzindo e reproduzindo os diversos processos históricos.
Em Psicologia da Vida Cotidiana, Pichon Rivière aborda os indivíduos, em suas relações concretas de existência, realizando a sua crítica da cotidianidade. Tal crítica fundamenta-se na análise das inter-relações, ou seja, na inserção e destino das necessidades dos homens nas diversas organizações sociais. Pichon-Rivière entende a vida cotidiana como o espaço e tempo, imediato, no qual emergem as relações. Posto isso, a cotidianidade, é interpretada por Pichon-Rivière, qual modo de organização material e social da experiência humana, em um determinado contexto histórico-social.
Sendo assim, a leitura do livro Psicologia da Vida Cotidiana, convida-nos a um mergulho em um emaranhado de tramas sociais. Pichon-Rivière instiga-nos a realização de uma crítica do cotidiano, onde em um primeiro momento, propõe a imersão e experimentação dos fatos, para em seguida, provocar a suspensão de uma visão que se ampara apenas no imediatamente perceptível. A obra marca a sua importância no estudo das leis regentes de cada formação social, onde os sujeitos configuram-se através da inter-relação.
Fabiano Mendonça
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