O dia 18
de Maio é um marco do Movimento Antimanicomial em relação a luta pela
assistência em consonância com os princípios do SUS. Este dia significa o
enfrentamento do estigma que ronda a pessoa que sofre com o transtorno mental,
rearma seu direito de um tratamento público, integral e de qualidade e a
possibilidade de exercer sua cidadania
Precisamos reafirmar que a loucura pode e deve ter o seu lugar no mundo, que as
subjetividades individuais contribuem na construção do todo social e que a
aceitação das diferenças fazem parte do ideal de democracia e da esperança de
um outro mundo possível. É o dia de encontrar nossos parceiros e avançar na
construção de redes intersetoriais que possibilitem a diversidade do cuidado, a
crítica, a ética e o respeito.
Não seria a própria doença mental uma instituição, ou uma invenção social? Não é o psiquiatra ou a sociedade que criam a loucura, mas eles são responsáveis pela maneira com que ela se cristaliza nos asilos. No paciente não está a única, nem sequer a principal razão de sua internação, embora haja tendência a atribuir o fato à sua doença mental. Abstraí-lo de seu mundo e estudá-lo como indivíduo isolado é cometer aprioristicamente uma cisão. É necessário incluir, pelo menos, os familiares e os integrantes do corpo assistencial para tornar a equação compreensível e não reduzi-lo a mero objeto de tratamento. As brutalidades concomitantes, implicitamente faz de um amor familial obsessivo e aprisionador virar violência.
Neste artigo a Psicóloga do Núcleo de
Apoio Familiar, Rita Cardoso, retrata um pouco a história da reforma
psiquiátrica.
A Luta Antimanicomial, de maneira
geral, é um processo de transformações nos Serviços Psiquiátricos. Refere-se a
um conjunto de transformações no tratamento a saúde mental e na própria
concepção de “loucura”.
A loucura já foi tida tanto como santa, como demoníaca. Mas sempre julgada e
subjugada. Quando não havia tratamento os familiares eram os responsáveis por
seus “loucos”, Com a institucionalização do tratamento surgiram os hospícios e
manicômios como formas (errôneas) de tratar a doença.
Por séculos os “loucos” eram tratados como animais e a única meta era domesticar-los,
adequá-los a sociedade, ou mesmo execrá-los desta, já que representariam perigo
a algo que chamam de bem estar social. Diante deste quadro, o Movimento
Antimanicomial visa não só quebrar os muros do manicômio, mas, humanizar o
tratamento aos doentes mentais.
A loucura ou doença mental é na verdade mais uma forma de sofrimento. Os loucos
“são aqueles que foram expulsos da sociedade, que os julga de uma
periculosidade sem remédio. (...) O problema deles é com a forma de ser no
mundo, não há uma ruptura com a realidade, pelo contrário, no manicômio eles
são execrados de qualquer possibilidade de contato com a realidade”.
No Brasil é a Luta Antimanicomial é comemorada no dia 18 de maio, data em que
ocorreu o Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, na cidade de Bauru, São
Paulo em 1987. Pode-se registrar como evento inaugural, desse movimento, a
crise institucional vivida pela Divisão de Saúde Mental do Ministério da Saúde,
(DINSAM) na década de setenta.
Do Movimento Antimanicomial no Brasil surgiu a Lei 10216 de 2001 (Lei Paulo
Delgado). Sancionada em 2001, tal Lei apesar de não instituir mecanismos claros
para a extinção dos manicômios, se dispõe a preservar os direitos dos
portadores de doenças mentais.
Há pouco tempo, temos o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), é um Órgão
Governamental de promoção humana que oferece tratamento psicológico
assistencial e psicossocial aos “loucos” viando a sociabilidade de seus
usuários e deixando pra traz os modelos de internamento e exclusão.
Sabe-se que ainda há muito que fazer e precisamos nos engajar nesta luta “A
luta não é apenas dos ditos loucos, mas da sociedade, deste modo a
heterogeneidade do movimento não reforça estereótipos e preconceitos, mas dá
uma lição de cidadania. Dignidade deve ser pra todos”*.
Antes de ser mal interpretada, ressalto que criminosos, ainda que loucos, devem
ser punidos. E não falo em deixar a sociedade melindrada com a eminência de
eventuais
Caetano Veloso disse sabiamente que “de perto ninguém é normal”. Está na hora
de cada um se olhar sem retoques e reconhecer que não somos donos da realidade
e que uma pessoa portadora de sofrimento mental, também tem o direito de
inventar sua normalidade.
Estejam atentos aos eventos de comemoração e conscientização neste dia 18 de
maio em Arcos e Região. Esta luta é de todos nós.
O GRUPO PSICARE
CONVIDA A TODOS PARA O EVENTO
DOIDOS POR
LOUCURA!!!
O DEZOITO DE MAIO NA
PUC SÃO GABRIEL
SEMINÁRIO:
O SUS E A REFORMA
PSIQUIÁTRICA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
DATA: 15 DE MAIO –
19:00HS
LOCAL: TEATRO DA PUC
SÃO GABRIEL
OFICINAS DE CONFECÇÃO
DE FANTASIAS PARA O DESFILE DO 18 DE MAIO:
LOCAL: DA DE
PSICOLOGIA DA PUC SÃO GABRIEL
DATAS: 14 A 17 DE MAIO – 14:00 ÀS
17:00
“Nunca a Psicologia poderá dizer a verdade sobre a loucura, já que é essa que detém a verdade da Psicologia.” Michel Foucault