Ao encerrarmos as atividades da disciplina Gestão e Cuidado, queremos registrar alguns apontamentos, e aproveitamos o espaço para fazer observações gerais que abrangem a avaliação do conjunto dos portifólios e o blog.
Primeiramente, e sob o risco de parecermos repetitivos, é preciso ressaltar a novidade que ambos representaram, tanto para os alunos quanto para os professores.
Propostas diferenciadas em relação às estratégias comumente usadas na educação de nível superior, o portifólio e o blog fundamentam-se em dois pilares: o fomento à autonomia e o convite à reflexão. E, no tocante ao blog, há ainda o incentivo à construção colaborativa e compartilhada do conhecimento – características que a internet potencializa de modo amplo.
Em ambos, oportuniza-se a expressão mais pessoalizada, a articulação de recursos visuais e a abertura para outros campos de expressão humana, como, em especial, as manifestações artísticas.
E todos estes elementos em confluência resultam em formas singulares de construção do conhecimento. As potencialidades destes instrumentos são, a nosso ver, incontestes – o que, por outro lado, não obscurece a necessidade de revisão e aperfeiçoamento constante do manejo de ambos.
Desta primeira edição, fazemos um balanço muito positivo. Ficou nítido para nós, professores, que da surpresa e inércia iniciais, a turma integrou-se à proposta e partiu para uma produção rica e instigante. O convite para se pensar a formação em Psicologia – norte último da disciplina – foi o mote para o desenvolvimento de trabalhos sensíveis, atentos a questões éticas e diversificados quanto aos fazeres possíveis da Psicologia. E estes trabalhos nos permitiram (e também aos próprios colegas de turma) conhecer um pouco dos muitos esforços que vários alunos precisam realizar para entrar e permanecer no ensino superior (o qual, diga-se de passagem, é muitas vezes mencionado como um sonho).
Permitiram ainda acesso a pequenos retratos do curso da PUC São Gabriel: referências a professores, atividades, temas que se fizeram marcantes no percurso formativo da turma. Dentre outras, foram muitas as referências a reflexões ensejadas pelos filmes “O ensaio sobre a cegueira” e “Ônibus 174”, por textos do mestre Paulo Freire, por visitas ao antigo manicômio de Barbacena, pelas práticas realizadas em campos de estágio variados e pela circulação em espaços científico-acadêmicos igualmente variados (SCAP, ABRAPSO, congressos, seminários).
Ressalte-se ainda o interesse (e a preocupação subjacente) com o porvir da Psicologia: interfaces com o desenvolvimento tecnológico, áreas promissoras para a inserção, temas que clamam maior enfoque pelos profissionais da área...
Tomados em conjunto, os trabalhos produzidos pela turma denotam uma nítida e louvável implicação com o processo formativo. Por certo, estes trabalhos poderiam ter avançado em outros aspectos. Em especial, lamentamos o fato de as postagens no blog não terem suscitado mais debates. E este lamento ganha um sentido específico, pois nas interações em sala de aula – e aqui vai um elogio necessário - a turma mostrou-se sempre com uma participação ampla e muito qualificada.
Entendemos que o grande número de disciplinas cursadas nessa turma-passagem entre dois diferentes modelos de currículo, foi um fator que pesou nesta caminhada. Porém o ânimo e a criatividade da turma sobrepujaram com muita qualidade essas vicissitudes. Nós docentes, e acreditamos que também o conjunto de colegas discentes, tivemos durante este semestre um espaço virtual para acessar e encontrar, com curiosidade e prazer, depoimentos, comentários, artigos, fotos, imagens, músicas, e uma variedade de outros elementos, que nos levaram a momentos de reflexão e prazer diante das telas dos computadores.
A qualidade do material postado foi homogênea e cada um de nós elegeu “favoritos” a partir de critérios variados. Sentimo-nos plenamente atendidos, em maior ou menor grau, por todos os grupos, e por isso as notas finais apresentaram poucas variações. De modo geral as postagens apresentaram coerência com as orientações para a postagem, diversidade tanto de conteúdo quanto de forma e clareza e diversidade dos textos de apresentação. Ficou-nos a impressão de uma qualidade em média superior aos trabalhos que usualmente recebemos dos alunos em outras disciplinas. Fica nosso cumprimento e elogio a todos pelo ao cuidado e dedicação que a turma demonstrou.
Enfim, realçamos nossa alegria em compartilharmos juntos esta viagem formativa, inédita para docentes e discentes, que acreditamos, muito agregou à formação de todos nós, nesse trabalho coletivo compartilhado.
Nosso caloroso abraço a todos,
Mara e João
terça-feira, 30 de novembro de 2010
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
GRUPO ΨNSIGHT
A atuação dos Psicólogos nos CRAS
Laura Freire
Atuações Psicossociais...
Texto extraído do portifólio de Paola Vieira
Laura Freire
“Dispositivo central do SUAS, os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), hoje incorporam o trabalho de muitos psicólogos, que, em conjunto com outros profissionais, destacadamente assistentes sociais, enfrentam o desafio de construir uma intervenção de transformação no território, na direção de promover melhores condições de vida. Sem pretender esgotar a temática proposta, lançando questionamentos e desafios sobre o fazer da Psicologia no CRAS, no intuito de contribuir com a construção de referências para essa prática”.
Outra experiência com os estágios curriculares é o que esta sendo realizado atualmente, oficinas psicossociais, onde pode-se fazer uma relação com outras práticas que estou vivenciando.
Esta prática é realizada no CRAS UNIÃO, Vila Arthur de Sá, onde a demanda são de crianças que vivem em áreas de risco e são atendidas pelo Projeto da Prefeitura Municipal de Belo-horizonte, estando este atuando nas regionais como práticas preventivas.
A demanda deste grupo são crianças que vivem em áreas de risco e são atendidas no CRAS UNIÃO (Centro de Referência de Assistência Social). As crianças apresentam dificuldades em atender comandos e regras, em ouvir nas relações interpessoais. São muito carentes, bastante agitadas, comportamento agressivo. Devido a todos estes fatores é necessário que o trabalho realizado com as crianças nesse perfil, tivesse como foco, minimizar as características apresentadas, integração social, relações interpessoais, resgate da auto-estima, mudanças de hábitos, formas de pensar, ver o mundo e expressão de sentimentos. O grupo é composto por até 15 participantes, sendo esta demanda realizada pelas mesmas espontaneamente, crianças estas de 07 a 12 anos de idade, com encontros semanais, com duração de cerca de aproximadamente 50 minutos.
No entanto, esta verificação foi feita antes da realização da prática, com isso, o grupo vem apresentando demandas que lhe são específicas. Dessa forma, são realizados novos planejamentos e abordagens, com focos e temas geradores dos encontros diversos. Através das técnicas que estão sendo desenvolvidas nos encontros, podemos verificar, a princípio, alguns desafios e dificuldades em abordar e coordenar o grupo que traz demandas, algumas vezes bem específicas e outras que exigem um olhar e uma escuta mais crítica.
Em relação ao desenvolvimento e aceitação do grupo para com as práticas realizadas, observa-se que, gradualmente o grupo vem demonstrando mais interesse, opiniões em relação ao planejamento dos encontros e demonstrando mais entusiasmo, e com isso, no desenvolver das técnicas, podemos observar que, mesmo o grupo ás vezes mostrando-se disperso, há mais aceitação em realizar as atividades propostas, demonstrando maior confiança em relação a expressarem sentimentos e angústias, e ao tirarmos fotos durante todos os encontros, com o intuito de realizarmos um álbum de fotografias ao final, se comunicam mais e observam com mais atenção as imagens uns dos outros.
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.”
Luis de Camões
Texto extraído do portifólio de Paola Vieira
terça-feira, 23 de novembro de 2010
GRUPO ΨNSIGHT
PSICOLOGIA SOCIAL
Atuações nas Políticas Públicas...
Texto extraído do portifolio de Paola Vieira
Atuações nas Políticas Públicas...
Realizo um estágio na Prefeitura Municipal de Belo-Horizonte, onde a abordagem é a Psicologia Social. Esta é uma área de grande interesse, e que se verifica uma grande demanda. No entanto, realizo essa prática na Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social, no Serviço de Apoio à Reintegração Familiar. Para essa reintegração, são realizados encontros e atendimentos com as famílias, que tem suas crianças e/ou adolescentes em cumprimento de medidas protetivas de abrigamento. Dessa maneira, no decorrer deste processo, são realizadas oficinas de reflexão para que as famílias se reúnam e passem um período de tempo juntos, fora do ambiente de abrigo ou em audiências que são realizadas pela Vara da Infância e Juventude.
Um dos encontros que promovemos, observaram-se muitos benefícios, como a motivação das famílias em terem suas crianças e/ou adolescentes novamente em suas residências, voltarem para o convívio junto à sociedade e o convívio familiar.
A proposta inicial foi uma oficina de Reflexão com o tema “Álbum de Família”, onde, através da confecção de fotos, esboços de grafitagem, scraps costurados manualmente, desenhados ou mesmo colados como parte do álbum de cada família, promoveu-se o regate à história familiar e a memória particular de cada um dos participantes, distinguindo as opções individuais das “imposições” sociais e experiências vivenciadas em cada família. A oficina remeteu-se a importância às lembranças passadas ou presentes, de momentos alegres ou tristes, sendo proposto serem realizados 08 encontros até o término da oficina.
A demanda deste grupo foi membros de famílias atendidas pelo Serviço de Apoio à Reintegração Familiar; crianças/adolescentes e seus responsáveis. Grupos familiares, onde se observa a transmissão intergeracional de concepções que negligenciam os direitos das crianças/adolescentes, buscando abranger todos os envolvidos da família participante.
Texto extraído do portifolio de Paola Vieira
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
conhecimento que Transforma. O "Tempo"
Foi uma experiência que significou muito para nós estudantes do curso de Psicologia. A metodologia utilizada para o desenvolvimento da disciplina Gestão e Cuidado, com certeza nos estimulou muito mais. Buscamos compreender o objetivo da disciplina de maneira mais clara e acessível a todos nós. Que pena que o tempo foi pequeno, sugerímos que esta disciplina tenha maior tempo, com certeza ela merece.
Conhecimento que transforma- Momentos Finais
As duas últimas aulas que tivemos foi de grande valor e contribuição para o nosso aprendizado. E um momento de reflexão sobre a nossa atuação como futuros psicólogos no mercado de trabalho.
A atividade proposta que fizemos,em que se dividiu a turma em seus respectivos grupos do blog e um tema referente a conduta e a postura adotada pelo profissional de psicologia no ambiente em que se insere.Onde cada grupo fazeria o relato das experiências vivenciada (estágio), em relação aos temas apresentados.
Foi muito interessante, a cada apresentação do grupo houve depoimentos das experiências e comentários que giraram em torno de grande polêmica. Cito como exêmplo o nosso grupo conhecimento que transforma, em que abordamos a questão da teoria e da prática. logo lançamos a seguinte pergunta: Como devemos conciliar a necessidades prioritária de uma instituição em relação a teoria e a prática?
A atividade proposta que fizemos,em que se dividiu a turma em seus respectivos grupos do blog e um tema referente a conduta e a postura adotada pelo profissional de psicologia no ambiente em que se insere.Onde cada grupo fazeria o relato das experiências vivenciada (estágio), em relação aos temas apresentados.
Foi muito interessante, a cada apresentação do grupo houve depoimentos das experiências e comentários que giraram em torno de grande polêmica. Cito como exêmplo o nosso grupo conhecimento que transforma, em que abordamos a questão da teoria e da prática. logo lançamos a seguinte pergunta: Como devemos conciliar a necessidades prioritária de uma instituição em relação a teoria e a prática?
Grupo Insight - Indicação
Olá pessoal!
segue abaixo endereço eletrônico de outro blog que recebi e que é muito bacana. É um projeto de extensão em Psicologia chamado Jornal Psiconotícias, dêem uma olhadela....e conheçam versão digital.
Blog:
blog:http://jornalpsiconoticias.blogspot.com/
Comunidade no orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=106416818
SOBRE O JORNAL
Nossa proposta...
Através do Projeto de Extensão, nasce o jornal Psiconotícias, sugerido por ideias e interesse de um grupo de alunos do curso de Psicologia, coordenado pela Profª. Ms. Yalkíria Guadalupe V. Bezerra. O projeto visa estimular a produção de artigos e reportagens, objetivando a troca de saberes profissionais e acadêmicos, na expectativa de maior integração e interação entre os alunos do curso de Psicologia com os de outros da comunidade Facex. Igualmente, tem como finalidade divulgar informações gerais e temas concernentes à área de Psicologia.
segue abaixo endereço eletrônico de outro blog que recebi e que é muito bacana. É um projeto de extensão em Psicologia chamado Jornal Psiconotícias, dêem uma olhadela....e conheçam versão digital.
Blog:
blog:http://jornalpsiconoticias.blogspot.com/
Comunidade no orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=106416818
SOBRE O JORNAL
Nossa proposta...
Através do Projeto de Extensão, nasce o jornal Psiconotícias, sugerido por ideias e interesse de um grupo de alunos do curso de Psicologia, coordenado pela Profª. Ms. Yalkíria Guadalupe V. Bezerra. O projeto visa estimular a produção de artigos e reportagens, objetivando a troca de saberes profissionais e acadêmicos, na expectativa de maior integração e interação entre os alunos do curso de Psicologia com os de outros da comunidade Facex. Igualmente, tem como finalidade divulgar informações gerais e temas concernentes à área de Psicologia.
SER OU FAZER?: EIS A QUESTÃO - Psicopensando
Apresento aos colegas um texto que apresentei no Dia do Psicólogo, na PUC Arcos, no qual trago a reflexão acerca da profissão de psicólogo ainda no início do curso.
O psicólogo é, antes de tudo, um ser humano. A História da Psicologia nos remonta ao fato de que o homem constrói e busca a história como forma de se encontrar, ver-se no tempo e no espaço. Descartes já dizia: “Penso, logo existo”. Pensar a profissão de psicólogo é muito importante, pois traz à luz a necessidade que o profissional da psicologia tem de perceber que o que ele faz não é em vão, ilusão, mas existe.
Muitos podem pensar, por forças culturais e históricas, que ser psicólogo é estar em uma sala com um divã na qual ouve, disseca a pessoa que lhe conta seus traumas, alegrias, desconfortos, enfim, sua história, para ser analisada. O psicólogo, então, de uma forma fascinante e até miraculosa começa a procurar o “fio da meada”, dando sentido, um nome, um significado ao que antes eram trevas.
Mas não é bem assim, e todos nós sabemos ou almejamos saber na sua totalidade essa questão. Ser psicólogo não é somente isso, de forma alguma. Milagres não é conosco. Ser um profissional da psicologia é ser, antes de tudo, um ser humano em busca da verdade, um cientista, objetivo, desmistificador, usando os métodos e conceitos que podem ser usados em qualquer parte do mundo.
O fato de ele ser um homem ou mulher da ciência não retira dele sua capacidade de analisar, decifrar, intuir. Estudar a mente é uma arte, é como caminhar em um labirinto, sendo tudo sempre novo e desafiante. Ser psicólogo é ir do caos para o harmonioso; do anônimo para o nome; do sem significado para o significado; do aberto para o fechado; da angústia para a esperança.
Citando o Poema de Carlos Drummond de Andrade,
“Poeta do finito e da matéria,
Cantor sem piedade, sim, sem frágeis lágrimas,
Boca tão seca, mas ardor tão casto.
Dar tudo pela presença dos longínquos,
Sentir que há ecos, poucos, mas cristal,
Não rochas apenas, peixes circulando
Sob o navio que leva esta mensagem,
E aves de bico longo conferindo
Sua derrota, e dois ou três faróis,
Últimos! Esperança do mar negro.
Essa viagem é mortal, e começá-la.
Saber que há tudo. E mover-se em meio
A milhões e milhões de formas raras,
Secretas, duras. Eis aí meu canto.
Ele é tão baixo que sequer o escuta
O ouvido rente ao chão. Mas é tão alto
Que as pedras o absorvem. Está na mesa
Aberta em livros, cartas e remédios.
Na parede infiltrou-se. O bonde, a rua,
O uniforme de colégio se transformam.
São ondas de carinho te envolvendo.
Como fugir ao mínimo objeto
Ou recusar-se ao grande? Os temas passam,
Eu sei que passarão, mas tu resistes,
E cresces como fogo, como casa,
Como orvalho entre dedos,
Na grama, que repousam.
Já agora te sigo a toda parte,
E te desejo e te perco, estou completo,
Me destino, me faço tão sublime,
Tão natural e cheio de segredos,
Tão firme, tão fiel… Tal uma lâmina,
O povo, meu poema, te atravessa.” (ANDRADE, 1945, p.10-11).
O dia 27 de agosto, portanto, traz um norte ao fazer do psicólogo e muito mais, um norteamento ao seu ser.
Portifólio de Daniel dos Reis Pedrosa - Grupo Psicopensando
O psicólogo é, antes de tudo, um ser humano. A História da Psicologia nos remonta ao fato de que o homem constrói e busca a história como forma de se encontrar, ver-se no tempo e no espaço. Descartes já dizia: “Penso, logo existo”. Pensar a profissão de psicólogo é muito importante, pois traz à luz a necessidade que o profissional da psicologia tem de perceber que o que ele faz não é em vão, ilusão, mas existe.
Muitos podem pensar, por forças culturais e históricas, que ser psicólogo é estar em uma sala com um divã na qual ouve, disseca a pessoa que lhe conta seus traumas, alegrias, desconfortos, enfim, sua história, para ser analisada. O psicólogo, então, de uma forma fascinante e até miraculosa começa a procurar o “fio da meada”, dando sentido, um nome, um significado ao que antes eram trevas.
Mas não é bem assim, e todos nós sabemos ou almejamos saber na sua totalidade essa questão. Ser psicólogo não é somente isso, de forma alguma. Milagres não é conosco. Ser um profissional da psicologia é ser, antes de tudo, um ser humano em busca da verdade, um cientista, objetivo, desmistificador, usando os métodos e conceitos que podem ser usados em qualquer parte do mundo.
O fato de ele ser um homem ou mulher da ciência não retira dele sua capacidade de analisar, decifrar, intuir. Estudar a mente é uma arte, é como caminhar em um labirinto, sendo tudo sempre novo e desafiante. Ser psicólogo é ir do caos para o harmonioso; do anônimo para o nome; do sem significado para o significado; do aberto para o fechado; da angústia para a esperança.
Citando o Poema de Carlos Drummond de Andrade,
“Poeta do finito e da matéria,
Cantor sem piedade, sim, sem frágeis lágrimas,
Boca tão seca, mas ardor tão casto.
Dar tudo pela presença dos longínquos,
Sentir que há ecos, poucos, mas cristal,
Não rochas apenas, peixes circulando
Sob o navio que leva esta mensagem,
E aves de bico longo conferindo
Sua derrota, e dois ou três faróis,
Últimos! Esperança do mar negro.
Essa viagem é mortal, e começá-la.
Saber que há tudo. E mover-se em meio
A milhões e milhões de formas raras,
Secretas, duras. Eis aí meu canto.
Ele é tão baixo que sequer o escuta
O ouvido rente ao chão. Mas é tão alto
Que as pedras o absorvem. Está na mesa
Aberta em livros, cartas e remédios.
Na parede infiltrou-se. O bonde, a rua,
O uniforme de colégio se transformam.
São ondas de carinho te envolvendo.
Como fugir ao mínimo objeto
Ou recusar-se ao grande? Os temas passam,
Eu sei que passarão, mas tu resistes,
E cresces como fogo, como casa,
Como orvalho entre dedos,
Na grama, que repousam.
Já agora te sigo a toda parte,
E te desejo e te perco, estou completo,
Me destino, me faço tão sublime,
Tão natural e cheio de segredos,
Tão firme, tão fiel… Tal uma lâmina,
O povo, meu poema, te atravessa.” (ANDRADE, 1945, p.10-11).
O dia 27 de agosto, portanto, traz um norte ao fazer do psicólogo e muito mais, um norteamento ao seu ser.
Portifólio de Daniel dos Reis Pedrosa - Grupo Psicopensando
Pensando o espaço da pesquisa na formação - Artigo Científico - Psicopensando
Apresento aos colegas o artigo "Curriculo mínimo e o espaço da pesquisa na formação do psicólogo" de Silke Weber, que apresenta uma reflexão acerca da promoção do espaço de pesquisa dentro do Curso de Psicologia, visando promover a construção e universalizaçaõ do conhecimento.
Frente às questões levantadas durante a disciplina e o contexto de mudança no currículo do Curso de Psicologia, o autor traz a questão do Currículo Mínimo, nos idos de 1985, problematizando já nessa época o pensmento fechado e de resposta à legislação pura e simplesmente, propondo pensar outros espaços de reflexão e crescimento dos alunos.
O artigo poderá ajudar os colegas a revisitar a reflexão acerca das mudanças propostas e perceber que o tema é tão atual nos dias de hoje como foi em outros momentos da história de nossa profissão.
Segue o link para acesso: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/pcp/v5n2/04.pdf
Frente às questões levantadas durante a disciplina e o contexto de mudança no currículo do Curso de Psicologia, o autor traz a questão do Currículo Mínimo, nos idos de 1985, problematizando já nessa época o pensmento fechado e de resposta à legislação pura e simplesmente, propondo pensar outros espaços de reflexão e crescimento dos alunos.
O artigo poderá ajudar os colegas a revisitar a reflexão acerca das mudanças propostas e perceber que o tema é tão atual nos dias de hoje como foi em outros momentos da história de nossa profissão.
Segue o link para acesso: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/pcp/v5n2/04.pdf
domingo, 21 de novembro de 2010
Grupo Caleidoscópio
Qual caminho seguir?
Até o momento estava cheia de dúvidas e preocupação a respeito da ênfase, tudo parecia muito confuso, não sabia por qual decidir, estava com medo de perder a oportunidade de fazer um estágio que realmente me interessasse.
O fato é, me vi em um momento de fazer uma escolha e como toda escolha gera insegurança, lá estava eu com um sentimento de angustia enorme, até que nessa semana alguns professores foram falando sobre seus estágio, na aula de sexta-feira de gestão e cuidado, com os Professores João Leite e Mara, foi o momento para colocar a tona todas essas dúvidas, os professores foram sanando as dúvidas dos colegas que acabaram por esclarecer as minhas também.
Agora estou mais segura em escolher por qual das ênfases seguir, mesmo porque só estou adiando e mais a frete, no 9º período, terei a oportunidade de fazer a outra ênfase também.
Escrito por: Soelaine Carvalho
Abaixo segue um poema que encontrei simbolizando as dúvidas pelas quais passamos na vida...
O tempo para....
Os ponteiros do relógio param.
Tudo em meu redor para...
E numa luta constante entre o papel e o lápis.
Sobre esta branca folha de papel desenho letra a letra,contornando cada curva
para a tornar perfeita.Desenhando com uma letra bonita para deslumbrar...
Afinal de contas,é a página da minha vida que eu escrevo...
O passado está escrito...
O presente vai-se escrevendo...
O futuro...
Escrevo,escrevo e escrevo...
Mas as palavras,escritas a preceito desaparecem desta folha.
Tento escrever um lindo futuro mas em vão...
Tudo desaparece nesta imensidão.
Num Forte vendaval Vejo tudo passar.
E neste momento nao consigo sair.
Sentimentos que me bloqueiam a mente.
Entopem-me de dúvidas.
Não sei o que hei-de fazer nao sei o que hei-de sentir...
Não sei como agir nao sei o que pensar....
E nestas dúvidas todas continuo a minha vida...
Nesta sombra maldita que cresce a cada momento.
Continuo tentando...
Tentando escrever...
E insisto nas letras insisto nas palavras que continuam a desaparecer na imensidão
do tempo e do espaço...
Preciso de desaparecer.
Preciso de me acalmar.
Preciso de uma nova vida para a felicidade encontrar...
Na sombra continuo na sombra permaneço.
As duvidas conrinuam...
O vendaval não para...
Que continue o rodopio que continuem os ventos...
Que continue a luta...
Que eu vou sofrendo...
De Anónimo a 11 de Março de 2006 às 21:42x
palavrassombrias.blogs.sapo.pt/707.html
Grupo ΨPsiConversas
Plantão Psicológico
Em contato com um amigo formado em psicologia pela UFMG em 2007, fiquei um tanto quanto interessada em uma experiência praticada por lá, o chamado plantão psicológico.
Baseado na Abordagem Centrada na Pessoa, de Carl Rogers, este tipo de atendimento funciona em questões de “emergência subjetiva”.
As pessoas que procuram o plantão estão vivendo questões e problemas que surgiram naquele momento como algo que chegou ao limite e precisa de cuidado, ou ainda estão passando por mudanças drásticas e procuram orientação e o reencontro com seu equilíbrio anterior.
Desde rompimentos de namoro até rompimentos com a realidade.
Responder a toda a demanda com psicoterapia, nem sempre é viável e aceitável pelas pessoas, o plantão entra, portanto neste vácuo, onde o que configurará o atendimento ou encontro é o próprio cliente, de acordo com sua necessidade emergencial.
Frente a esta situação, do inesperado e das emergências, o psicólogo não pode atuar com modelos pré-definidos, sua atuação será desenvolvida à partir do próprio cliente, tais como a disponibilidade para se defrontar com o não planejado e com a possibilidade de que o encontro com o cliente seja único.
Para saber mais:
- Plantão Psicológico -Revista Brasil Escola
-
Grupo Caleidoscópio
Retornando ao texto Cuidado e reconstrução das práticas de Saúde, de Ayres (2004), me lembro que uma das discussões em sala, em Gestão e Cuidado, o professor João Leite nos chamou a atenção quanto ao fato de que a escuta diz respeito a uma postura mais passiva, enquanto o cuidado se mostra mais participativo. Isto porque a ação de cuidado ocorre entre dois ou mais indivíduos. Em vista disso, cada vez mais a atuação do psicólogo deixa de ser dual e passa a ser coletiva, apropriando-se do cuidado como processos psicossociais, que por sua vez, são mais amplos.
Devemos nos lembrar de que a prática do cuidado visa alguma coisa e portanto, ao falarmos desse mesmo cuidado, devemos nos ater ao fato de que não falamos de voluntarialismo, caridade ou algo parecido, mas sim de uma prática com embasamento teórico e ético, que propicie uma formação profissional de excelência, a fim de promover um atendimento qualificado.
O cuidado é a essência da Enfermagem, posso dizer isso por ser uma profissional da área. Pela primeira vez me vi pensando no cuidado como algo fora da minha profissão, mas inserido no contexto da Psicologia e achei fabulosa a colocação, pois dentro do cuidado se inserem outros termos, como movimento, interação, identidade e alteridade, plasticidade, projeto, desejo e muitos mais, que nos remetem ao universo da mente humana e seu psique.
AYRES, J.R.C.M. Cuidado e reconstrução das práticas de Saúde. Interfce – Comunic., Saúde, Educ., v. 8, n. 14, p.73-92, set.2003-fev.2004.
Grupo ѰPsiConversas
Psicologia:
Uma vida, um texto, uma história e uma canção...
Ando devagar
Porque já tive pressa
Levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe,
Só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia,
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora
Cada um de nos compõe a sua historia
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
De ser feliz
(Para ouvir a música clique aqui)
Porque já tive pressa
Levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe,
Só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia,
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora
Cada um de nos compõe a sua historia
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
De ser feliz
(Para ouvir a música clique aqui)
É com esta canção de fundo, que escrevi o texto abaixo, intitulado Gestão e Cuidado.
Assim como pudemos ver nas postagens dos portfólios, "cada um de nós compõe a sua história" e essas histórias que são distintintas, se entrelaçam em diversos momentos.
Resolvi postá-la, por acreditar que por mais que existam dúvidas e inseguranças,
nos resta mesmo apoiar-se nos versos e ir "tocando em frente", já que possuímos o "dom de ser capaz e ser feliz".
..."tocando os dias pela longa estrada eu vou, ESTRADA EU SOU...
Daniela Santos Souza
POSTAGEM DE PORTIFÓLIO DE BEATRIZ CARVALHO
O perigo do ecletismo teórico na Psicologia
A Psicologia Moderna é uma área do conhecimento que em 2009 completa 130 anos de idade. Oficialmente, foi fundada em 1879 quando o alemão Wilhelm Wundt criou o primeiro Instituto de Psicologia Experimental dotado de laboratórios na Universidade de Leipzig, em seu país.
A Psicologia é uma área muito ampla que possui diversas orientações teóricas, áreas de pesquisa e de aplicação. Cada orientação teórica possui um conjunto específico de pressupostos filosóficos e epistemológicos, metodologias de pesquisa, técnicas, protocolos de trabalho e até mesmo diretrizes políticas. Existem diversas orientações teóricas na Psicologia. Na verdade existem diversos conjuntos de orientações teóricas. Cognitivistas; Comportamentais; Humanistas, Psicanalistas e Sócio-Históricas podem ser considerados os principais conjuntos de orientações teóricas da Psicologia, apesar de existirem outros de menor expressão. Há divergências e divisões dentro desses conjuntos, mas há também semelhanças que por sua vez nos autorizam a agruparmo-nas em conjuntos.
As orientações teóricas dentro da Psicologia são tão numerosas que se formos levar em consideração todas as divisões dentro dos conjuntos já citados podemos afirmar tranquilamente que há várias centenas de orientações teóricas.
As diferenças entre os conjuntos de orientações teóricas são tão grandes a ponto de vários teóricos considerarem a existência de várias Psicologias e não somente de uma - afinal de contas cada orientação teórica afirma tomar para si o estudo de um objeto com características diferente dos demais objetos de estudo das outras.
Um parte considerável dos epistemólogos modernos afirma que o critério mais importante para a criação de uma área de estudo independente é a eleição de um objeto de estudo que possua características específicas e se diferencie dos demais. Alguns dizem que isso já basta, outros mais criteriosos e sabiamente desconfiados afirmam que precisa-se de algo mais...
Já as áreas de pesquisa permitem o desenvolvimento dos conhecimentos psicológicos através da investigação básica ou aplicada. De forma sintética, podemos afirmar que há pesquisas básicas que lidam com processos primários de funcionamento da “psiquê” humana, e pesquisas aplicadas que se voltam para o desenvolvimento de novas técnicas e protocolos de trabalho. Existem várias áreas de estudo dentro da Psicologia: educação, trabalho, saúde, sexualidade, desenvolvimento, inteligência, aprendizagem, marketing, patologias, rendimento físico, evolução, neurofisiologia, relações interpessoais, poder, preconceito, gênero, arte, percepção etc.
O fato dos pesquisadores trabalharem com base em diferentes orientações teóricas e metodológicas produz variadas conclusões e muitas vezes dados semelhantes ou até mesmo iguais são interpretados de formas diversas gerando conflitos que se mostram na maior parte das vezes impossíveis de serem resolvidos
Com relação às áreas de aplicação da nossa profissão, são reconhecidas pelo Conselho Federal de Psicologia – órgão responsável por regulamentar e profissão - 11 especialidades: Psicologia Clínica, Psicologia Escolar e Educacional, Psicologia Organizacional e do Trabalho, Psicologia Social, Psicologia Hospitalar, Psicologia Jurídica, Psicologia do Trânsito, Psicologia do Esporte, Neuropsicologia, Psicomotricidade e Psicopedagogia. Além dessas especialidades, o Conselho Federal de Psicologia reconhece a atividade docente do Psicólogo no Ensino Médio e no Ensino Superior.
Essa divisão de especialidades não impede que um Psicólogo mescle atividades que são consideradas de áreas de aplicação diferentes. Um psicólogo pode trabalhar prioritariamente com o rendimento físico de um time de futebol, - uma atividade associada historicamente à Psicologia do Esporte - mas isso não o impede que também auxilie no recrutamento e seleção de pessoas para trabalhar no clube – atividades ligadas historicamente à Psicologia Organizacional e do Trabalho. Sem contar que também existem muitos psicólogos que acabam se especializando em atividades muito específicos e que historicamente estão ligadas a determinadas áreas de aplicação. Um psicólogo pode trabalhar somente com recrutamento e seleção de pessoas - uma das muitas atividades que compõem a Psicologia Organizacional e do Trabalho. Há também psicólogos que trabalham exclusivamente na docência e pesquisa ou que além da docência e pesquisa prestam serviços de Psicologia Aplicada.
As orientações teóricas também influenciam decisivamente nas práticas de um profissional de Psicologia. Psicólogos de orientação psicanalista priorizam a associação livre como técnica central da sua análise, pois acreditam que o inconsciente – seu objeto de estudo - se manifesta de melhor forma através da associação livre de ideias e palavras, já psicólogos de orientação analítico-comportamental priorizam técnicas diretivas e voltadas para resultados acordados com o cliente, pois acreditam que essa é uma das melhores formas de tornar o sujeito mais capaz de se conhecer e de se auto-determinar.
Por mais que procuremos encontrar semelhanças entre duas técnicas que se baseiam em orientações diferentes sempre haverá diferenças - nem que eles sejam somente na forma de interpretar a mudança provocada no comportamento do cliente ou paciente. Em relação a isso Guerrelhas (2000 citado em FERRAZ,2005) dá como exemplo o que se conhece como ludoterapia. Ele diz que “independentemente da linha teórica do psicólogo que realiza o atendimento infantil, o brincar parece sempre fazer parte do procedimento, mas o conceito, a definição e sua função variam de acordo com o referencial teórico do terapeuta.”
Em decorrência dessa amplitude e variedade muitos estudantes, profissionais e professores de Psicologia adentram caminhos tortuosos e muitas vezes não sabem onde querem, onde podem ou onde devem chegar. Na verdade não sabem nem de onde, como ou por que partiram.
Um dos fenômenos mais comuns na nossa área é encontrar estudantes, profissionais e até mesmo professores perdidos num mundo – maior que eles mesmos - recheado de conceitos, teorias, técnicas, práticas, epistemologias, pressupostos e ontologias. Muitos não sabem nem que orientação teórica seguir... Outro exemplo simples: perguntem qual o conceito de Psicologia a um grupo de profissionais ou estudantes de diferentes orientações teóricas e terão uma exemplo claro do que foi a Torre de Babel...Simplesmente não há consenso...Na verdade não há nem respostas que poderiam ser catalogadas como “semelhantes”...
Tão perdidos quanto os estudantes e profissionais estão as instituições oficiais que representam a Psicologia enquanto ciência e profissão. O trabalhos de conselhos federal, regionais e de associações científicas e profissionais é árduo...Não conseguem criar referências sólidas para a atuação profissional, pois estão presos ao fato de que direcionar demais a discussão e os documentos produzidos significa deixar algumas orientações teóricas de lado... Ficam perdidos quando o assunto é coordenar, orientar e fiscalizar o trabalho de dezenas de milhares de Psicólogos tão diferentes espalhados por este imenso país...Algumas dessas instituições caminham contra a maré se colocando politicamente de forma totalmente exclusivista e, por isso, não refletindo os anseios da maior parte dos psicólogos brasileiros que, por sua vez, não se sentem representados por essas instituições.
Pior é o trabalho de associações como a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia que tem o objetivo de auxiliar na formação de milhares de Psicólogos todo ano tendo como base um conjunto de diretrizes curriculares para graduação.
Essas diretrizes afirmam que os cursos de Psicologia devem ser generalistas...Mas generalistas em relação a quê? Em relação á diversificação de orientações teóricas? Em relação á diversificação de áreas de pesquisa?Em relação á diversificação de áreas de aplicação?
Como ensinar de forma eficaz tanta diversidade em 5 anos de curso para alunos que além de estudar Psicologia têm que comer, dormir, namorar e tomar banho...?Há tempo suficiente para isso?
Um dos caminhos menos conflituosos que as instituições oficiais que representam a Psicologia enquanto ciência e profissão encontraram para se livrarem ou pelo menos diminuírem as perturbações causadas por tanta diversidade é atestar a democracia como único remédio para esses conflitos... O esquema é simples: defendem que a única saída para a Psicologia enquanto ciência e profissão é recorrer à democracia, à aceitação quase que incondicional da diversidade... A democracia seria a base para que psicólogos de diferentes orientações teóricas, área de pesquisa e de aplicação se aceitassem e trabalhassem em prol de objetivos em comum...
Mas a coisa não é tão simples assim por que os conceitos de democracia também variam absurdamente na Psicologia, sem falar que a democracia não parece ser o referencial que fez com que profissões ditas “imperais” se estabelecessem solidamente na nossa civilização – como Medicina, Engenharia e Direito. Aparentemente essas profissão utilizam-se de um pressuposto bem mais interessante: eficácia de suas intervenções. Assim, parece que a democracia não vai resolver os problemas da Psicologia....
Pode parecer, mas não é objetivo desse texto criticar a variedade de orientações teóricas dentro da Psicologia ou propor alternativas para ela. Seria pretensão demais...
O objetivo do presente texto é discutir sobre o perigo a qual uma parte considerável dos Psicólogos atuais submete-se ao se definirem e atuarem como “ecléticos”.
Podemos definir o Psicólogo eclético como aquele que afirma utilizar diferentes orientações teóricas para embasar suas práticas.
Muitas pessoas dentro da Psicologia defendem o ecletismo. Rotineiramente defendem que uma abordagem específica não é suficiente para compreender o ser humano, que seria, por demais complexo. Também afirmam que o importante é utilizar técnicas que tenham “alguma” validação científica, independentemente da orientação teórica.
Talvez isso ocorra devido a falhas consistentes na formação dos Psicólogos brasileiros gerando falta de conhecimento aprofundado das bases ontológicas , epistemológicas e metodológicas de cada conjunto de orientações teóricas e ao fato de muitos estudantes e profissionais identificarem-se com aspectos de mais de uma orientação teórica.
O mundo está cheio de verdades e muitas dessas verdades nascem como inverdades, que de tanto serem defendidas tornam-se verdades. Como já disse Paul Joseph Goebbels, Ministro do Povo e da Propaganda de Adolf Hitler, “uma mentira cem vezes dita, torna-se verdade”...Diante desse fenômeno, perguntamos:
a)Será que é possível um profissional basear seu trabalho em orientações tão divergentes e que quase todas vezes se contrariam?
b)Podemos confiar em um profissional de Psicologia que trabalhe com base em diversas orientações teóricas?
c)É possível considerar que as orientações teóricas podem ser unificadas com o objetivo de se implementar procedimentos e técnicas de intervenção na Psicologia?
d)Quais as consequências do ecletismo teórico para a Psicologia enquanto profissão?
e)Como o ecletismo dificulta o desenvolvimento da Ciência?
Não acreditamos que seja possível basear um bom trabalho de intervenção em orientações diferentes pelo simples fatos de que os pressupostos filosóficos (ontológicos e epistemológicos) não se complementam como num quebra-cabeças. Eles divergem, e muito... O determinismo da Psicanálise freudiana é totalmente diferente do determinismo da Análise do Comportamento. O primeiro atesta que as ações conscientes do ser humano têm origem em estruturas internas de natureza diferente das ações conscientes. Psicanalistas freudianos seriam, nesse caso, dualistas. Já Analistas do Comportamento são monista por que acreditam que o que existe no interior do ser humano tem a mesma natureza do que existe no exterior dele...Na verdade a divisão interior-exterior nem é aceita por Analistas do Comportamento....
Como pode um Psicólogo aceitar pressupostos tão diferentes?Não acreditamos que um Psicologia que trabalhe com base em diversas orientações teóricas tenha um trabalho confiável, afinal de contas as técnicas e protocolos que utilizamos na nossa prática devem, ou pelo menos deveriam, se ajustar aos pressupostos filosóficos e à teoria subjacente. Se os pressupostos filosóficos e a teoria subjacente são diferentes, os referenciais de utilização da técnica também o são... Como afirmou Guerrelhas “o conceito, a definição e sua função [do procedimento] variam de acordo com o referencial teórico do terapeuta”, ou seja, a ludoterapia de um Analista do Comportamento é diferente da ludoterapia de um Psicólogo Humanista. A gravação de uma sessão de ludoterapia de um Analista do Comportamento pode parecer, aos olhos de um leigo, semelhante ou até mesmo igual à uma sessão de ludoterapia de um Psicólogo Humanista, mas a diferença é facilmente constatável quando observamos como e baseado em que os supervisores de Psicologia Clínica Infantil dessas duas orientações teóricas ensinam seus supervisionandos...
A técnica da Cadeira Vazia implementada por um bom Analista do Comportamento é diferente da técnica da Cadeira Vazia implementada por um bom Psicólogo Cognitivista, pois a aplicação da técnica resulta da interação do cliente com o profissional e os recursos teóricos que cada profissional dispõe...Um Analista do Comportamento dispõe de recursos teóricos diferentes dos recursos de um Psicólogo Cognitivista, logo não há semelhança real, somente uma semelhança aparente. Esses Psicólogos irão interpretar o processo de aplicação dessa técnica de forma diferente.
Não acreditamos, também, que orientações teóricas possam ser unificadas com o objetivo de se implementar procedimentos e técnicas de intervenção na Psicologia, até por que, além de todas as argumentações expostas nos quatro parágrafos anteriores, existe o fato de que um bom psicólogo demora anos para se aprofundar nos pressupostos filosóficos e teóricos e saber utilizar corretamente técnicas e protocolos de observação. A graduação não passa nem perto de aprofundar esses conhecimentos. Bons psicólogos geralmente fazem cursos de formação e especialização em suas respectivas áreas teóricas e aplicadas para só depois sentirem-se seguros no que fazem. Alguns acreditam que precisam até mesmo de um mestrado e ou doutorado para se reconhecerem como Analistas do Comportamento ou Psicólogos Cognitivo-Comportamentais. Simplesmente não há tempo suficiente para aprofundar os estudos em orientações teóricas divergentes na vida de um ser humano normal...Todos precisamos comer, dormir, namorar e tomar banho, né?
As consequências do ecletismo teórico para a Psicologia enquanto profissão são devastadoras e assombrosas! Psicólogos que se baseiam em várias orientações teóricas para exercerem sua profissão mentem para si, para colegas, chefes e clientes. Psicólogos ecléticos acabam realizando intervenções pontuais e superficiais quando atuam, por que o entendimento e uso correto de um técnica perpassa pelo reconhecimento de que função ela terá no processo geral de intervenção e sem uma base teórica sólida isso é simplesmente impossível! Acabam sendo ineficazes por natureza,pois utilizam diversos parâmetros de avaliação para o seu trabalho...Quando os utilizam, né? Como saberiam se uma intervenção foi eficaz e consequentemente se devem alterá-la se por vezes utilizam os parâmetros de avaliação do uma orientação teórica e por vezes utilizam os parâmetros de avaliação do outra orientação teórica?
Com relação ao desenvolvimento da Ciência temos que lembrar que sendo eclético o profissional não dispõe de tempo de se debruçar nos estudos de um prática a ponto de criticá-la e propor aos pesquisadores mudanças nos rumos das investigações. A área aplicada da Psicologia deve servir como teste das proposições obtidas em pesquisas, mas isso quase nunca é feito na nossa área. Imaginem como isso seria possível na Psicologia eclética? As falhas de comunicação entre pesquisadores básicos, aplicados e profissionais é uma das barreiras para o desenvolvimento científico da Psicologia e o ecletismo teórico, por sua vez, impede o aprofundamento das discussões e o detalhamento dos processos devido à sua superficialidade inerente. Uma boa ciência deve caminhar para a síntese não ficar somente na análise e para isso é essencial o aprofundamento nos estudos e investigações.
Não é demais lembrar que existe uma grande diferença do psicólogo que se utiliza de várias orientações teóricas para embasar sua prática de um psicólogo que utiliza-se de várias técnicas, procurando entendê-las e utilizá-las a luz de sua orientação teórica. É o primeiro o objeto de análise do presente texto.
Podemos concluir que o que existe de comum entre os psicólogos que se utilizam, ou dizem se utilizar, de várias orientações teóricas diferentes é o egoísmo, a incompetência e o descompromisso com o desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência e profissão.
Referência Bibliográfica
Guilhardi,Hélio José, et al. Sobre comportamento e Cognição: expondo a variabilidade.1ª ed. Santo André, SP: ESETec Editores Associados,2005.v.15. 456 p.
GRUPO: PSIQUE EM CONSTRUÇÃO
A Psicologia Moderna é uma área do conhecimento que em 2009 completa 130 anos de idade. Oficialmente, foi fundada em 1879 quando o alemão Wilhelm Wundt criou o primeiro Instituto de Psicologia Experimental dotado de laboratórios na Universidade de Leipzig, em seu país.
A Psicologia é uma área muito ampla que possui diversas orientações teóricas, áreas de pesquisa e de aplicação. Cada orientação teórica possui um conjunto específico de pressupostos filosóficos e epistemológicos, metodologias de pesquisa, técnicas, protocolos de trabalho e até mesmo diretrizes políticas. Existem diversas orientações teóricas na Psicologia. Na verdade existem diversos conjuntos de orientações teóricas. Cognitivistas; Comportamentais; Humanistas, Psicanalistas e Sócio-Históricas podem ser considerados os principais conjuntos de orientações teóricas da Psicologia, apesar de existirem outros de menor expressão. Há divergências e divisões dentro desses conjuntos, mas há também semelhanças que por sua vez nos autorizam a agruparmo-nas em conjuntos.
As orientações teóricas dentro da Psicologia são tão numerosas que se formos levar em consideração todas as divisões dentro dos conjuntos já citados podemos afirmar tranquilamente que há várias centenas de orientações teóricas.
As diferenças entre os conjuntos de orientações teóricas são tão grandes a ponto de vários teóricos considerarem a existência de várias Psicologias e não somente de uma - afinal de contas cada orientação teórica afirma tomar para si o estudo de um objeto com características diferente dos demais objetos de estudo das outras.
Um parte considerável dos epistemólogos modernos afirma que o critério mais importante para a criação de uma área de estudo independente é a eleição de um objeto de estudo que possua características específicas e se diferencie dos demais. Alguns dizem que isso já basta, outros mais criteriosos e sabiamente desconfiados afirmam que precisa-se de algo mais...
Já as áreas de pesquisa permitem o desenvolvimento dos conhecimentos psicológicos através da investigação básica ou aplicada. De forma sintética, podemos afirmar que há pesquisas básicas que lidam com processos primários de funcionamento da “psiquê” humana, e pesquisas aplicadas que se voltam para o desenvolvimento de novas técnicas e protocolos de trabalho. Existem várias áreas de estudo dentro da Psicologia: educação, trabalho, saúde, sexualidade, desenvolvimento, inteligência, aprendizagem, marketing, patologias, rendimento físico, evolução, neurofisiologia, relações interpessoais, poder, preconceito, gênero, arte, percepção etc.
O fato dos pesquisadores trabalharem com base em diferentes orientações teóricas e metodológicas produz variadas conclusões e muitas vezes dados semelhantes ou até mesmo iguais são interpretados de formas diversas gerando conflitos que se mostram na maior parte das vezes impossíveis de serem resolvidos
Com relação às áreas de aplicação da nossa profissão, são reconhecidas pelo Conselho Federal de Psicologia – órgão responsável por regulamentar e profissão - 11 especialidades: Psicologia Clínica, Psicologia Escolar e Educacional, Psicologia Organizacional e do Trabalho, Psicologia Social, Psicologia Hospitalar, Psicologia Jurídica, Psicologia do Trânsito, Psicologia do Esporte, Neuropsicologia, Psicomotricidade e Psicopedagogia. Além dessas especialidades, o Conselho Federal de Psicologia reconhece a atividade docente do Psicólogo no Ensino Médio e no Ensino Superior.
Essa divisão de especialidades não impede que um Psicólogo mescle atividades que são consideradas de áreas de aplicação diferentes. Um psicólogo pode trabalhar prioritariamente com o rendimento físico de um time de futebol, - uma atividade associada historicamente à Psicologia do Esporte - mas isso não o impede que também auxilie no recrutamento e seleção de pessoas para trabalhar no clube – atividades ligadas historicamente à Psicologia Organizacional e do Trabalho. Sem contar que também existem muitos psicólogos que acabam se especializando em atividades muito específicos e que historicamente estão ligadas a determinadas áreas de aplicação. Um psicólogo pode trabalhar somente com recrutamento e seleção de pessoas - uma das muitas atividades que compõem a Psicologia Organizacional e do Trabalho. Há também psicólogos que trabalham exclusivamente na docência e pesquisa ou que além da docência e pesquisa prestam serviços de Psicologia Aplicada.
As orientações teóricas também influenciam decisivamente nas práticas de um profissional de Psicologia. Psicólogos de orientação psicanalista priorizam a associação livre como técnica central da sua análise, pois acreditam que o inconsciente – seu objeto de estudo - se manifesta de melhor forma através da associação livre de ideias e palavras, já psicólogos de orientação analítico-comportamental priorizam técnicas diretivas e voltadas para resultados acordados com o cliente, pois acreditam que essa é uma das melhores formas de tornar o sujeito mais capaz de se conhecer e de se auto-determinar.
Por mais que procuremos encontrar semelhanças entre duas técnicas que se baseiam em orientações diferentes sempre haverá diferenças - nem que eles sejam somente na forma de interpretar a mudança provocada no comportamento do cliente ou paciente. Em relação a isso Guerrelhas (2000 citado em FERRAZ,2005) dá como exemplo o que se conhece como ludoterapia. Ele diz que “independentemente da linha teórica do psicólogo que realiza o atendimento infantil, o brincar parece sempre fazer parte do procedimento, mas o conceito, a definição e sua função variam de acordo com o referencial teórico do terapeuta.”
Em decorrência dessa amplitude e variedade muitos estudantes, profissionais e professores de Psicologia adentram caminhos tortuosos e muitas vezes não sabem onde querem, onde podem ou onde devem chegar. Na verdade não sabem nem de onde, como ou por que partiram.
Um dos fenômenos mais comuns na nossa área é encontrar estudantes, profissionais e até mesmo professores perdidos num mundo – maior que eles mesmos - recheado de conceitos, teorias, técnicas, práticas, epistemologias, pressupostos e ontologias. Muitos não sabem nem que orientação teórica seguir... Outro exemplo simples: perguntem qual o conceito de Psicologia a um grupo de profissionais ou estudantes de diferentes orientações teóricas e terão uma exemplo claro do que foi a Torre de Babel...Simplesmente não há consenso...Na verdade não há nem respostas que poderiam ser catalogadas como “semelhantes”...
Tão perdidos quanto os estudantes e profissionais estão as instituições oficiais que representam a Psicologia enquanto ciência e profissão. O trabalhos de conselhos federal, regionais e de associações científicas e profissionais é árduo...Não conseguem criar referências sólidas para a atuação profissional, pois estão presos ao fato de que direcionar demais a discussão e os documentos produzidos significa deixar algumas orientações teóricas de lado... Ficam perdidos quando o assunto é coordenar, orientar e fiscalizar o trabalho de dezenas de milhares de Psicólogos tão diferentes espalhados por este imenso país...Algumas dessas instituições caminham contra a maré se colocando politicamente de forma totalmente exclusivista e, por isso, não refletindo os anseios da maior parte dos psicólogos brasileiros que, por sua vez, não se sentem representados por essas instituições.
Pior é o trabalho de associações como a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia que tem o objetivo de auxiliar na formação de milhares de Psicólogos todo ano tendo como base um conjunto de diretrizes curriculares para graduação.
Essas diretrizes afirmam que os cursos de Psicologia devem ser generalistas...Mas generalistas em relação a quê? Em relação á diversificação de orientações teóricas? Em relação á diversificação de áreas de pesquisa?Em relação á diversificação de áreas de aplicação?
Como ensinar de forma eficaz tanta diversidade em 5 anos de curso para alunos que além de estudar Psicologia têm que comer, dormir, namorar e tomar banho...?Há tempo suficiente para isso?
Um dos caminhos menos conflituosos que as instituições oficiais que representam a Psicologia enquanto ciência e profissão encontraram para se livrarem ou pelo menos diminuírem as perturbações causadas por tanta diversidade é atestar a democracia como único remédio para esses conflitos... O esquema é simples: defendem que a única saída para a Psicologia enquanto ciência e profissão é recorrer à democracia, à aceitação quase que incondicional da diversidade... A democracia seria a base para que psicólogos de diferentes orientações teóricas, área de pesquisa e de aplicação se aceitassem e trabalhassem em prol de objetivos em comum...
Mas a coisa não é tão simples assim por que os conceitos de democracia também variam absurdamente na Psicologia, sem falar que a democracia não parece ser o referencial que fez com que profissões ditas “imperais” se estabelecessem solidamente na nossa civilização – como Medicina, Engenharia e Direito. Aparentemente essas profissão utilizam-se de um pressuposto bem mais interessante: eficácia de suas intervenções. Assim, parece que a democracia não vai resolver os problemas da Psicologia....
Pode parecer, mas não é objetivo desse texto criticar a variedade de orientações teóricas dentro da Psicologia ou propor alternativas para ela. Seria pretensão demais...
O objetivo do presente texto é discutir sobre o perigo a qual uma parte considerável dos Psicólogos atuais submete-se ao se definirem e atuarem como “ecléticos”.
Podemos definir o Psicólogo eclético como aquele que afirma utilizar diferentes orientações teóricas para embasar suas práticas.
Muitas pessoas dentro da Psicologia defendem o ecletismo. Rotineiramente defendem que uma abordagem específica não é suficiente para compreender o ser humano, que seria, por demais complexo. Também afirmam que o importante é utilizar técnicas que tenham “alguma” validação científica, independentemente da orientação teórica.
Talvez isso ocorra devido a falhas consistentes na formação dos Psicólogos brasileiros gerando falta de conhecimento aprofundado das bases ontológicas , epistemológicas e metodológicas de cada conjunto de orientações teóricas e ao fato de muitos estudantes e profissionais identificarem-se com aspectos de mais de uma orientação teórica.
O mundo está cheio de verdades e muitas dessas verdades nascem como inverdades, que de tanto serem defendidas tornam-se verdades. Como já disse Paul Joseph Goebbels, Ministro do Povo e da Propaganda de Adolf Hitler, “uma mentira cem vezes dita, torna-se verdade”...Diante desse fenômeno, perguntamos:
a)Será que é possível um profissional basear seu trabalho em orientações tão divergentes e que quase todas vezes se contrariam?
b)Podemos confiar em um profissional de Psicologia que trabalhe com base em diversas orientações teóricas?
c)É possível considerar que as orientações teóricas podem ser unificadas com o objetivo de se implementar procedimentos e técnicas de intervenção na Psicologia?
d)Quais as consequências do ecletismo teórico para a Psicologia enquanto profissão?
e)Como o ecletismo dificulta o desenvolvimento da Ciência?
Não acreditamos que seja possível basear um bom trabalho de intervenção em orientações diferentes pelo simples fatos de que os pressupostos filosóficos (ontológicos e epistemológicos) não se complementam como num quebra-cabeças. Eles divergem, e muito... O determinismo da Psicanálise freudiana é totalmente diferente do determinismo da Análise do Comportamento. O primeiro atesta que as ações conscientes do ser humano têm origem em estruturas internas de natureza diferente das ações conscientes. Psicanalistas freudianos seriam, nesse caso, dualistas. Já Analistas do Comportamento são monista por que acreditam que o que existe no interior do ser humano tem a mesma natureza do que existe no exterior dele...Na verdade a divisão interior-exterior nem é aceita por Analistas do Comportamento....
Como pode um Psicólogo aceitar pressupostos tão diferentes?Não acreditamos que um Psicologia que trabalhe com base em diversas orientações teóricas tenha um trabalho confiável, afinal de contas as técnicas e protocolos que utilizamos na nossa prática devem, ou pelo menos deveriam, se ajustar aos pressupostos filosóficos e à teoria subjacente. Se os pressupostos filosóficos e a teoria subjacente são diferentes, os referenciais de utilização da técnica também o são... Como afirmou Guerrelhas “o conceito, a definição e sua função [do procedimento] variam de acordo com o referencial teórico do terapeuta”, ou seja, a ludoterapia de um Analista do Comportamento é diferente da ludoterapia de um Psicólogo Humanista. A gravação de uma sessão de ludoterapia de um Analista do Comportamento pode parecer, aos olhos de um leigo, semelhante ou até mesmo igual à uma sessão de ludoterapia de um Psicólogo Humanista, mas a diferença é facilmente constatável quando observamos como e baseado em que os supervisores de Psicologia Clínica Infantil dessas duas orientações teóricas ensinam seus supervisionandos...
A técnica da Cadeira Vazia implementada por um bom Analista do Comportamento é diferente da técnica da Cadeira Vazia implementada por um bom Psicólogo Cognitivista, pois a aplicação da técnica resulta da interação do cliente com o profissional e os recursos teóricos que cada profissional dispõe...Um Analista do Comportamento dispõe de recursos teóricos diferentes dos recursos de um Psicólogo Cognitivista, logo não há semelhança real, somente uma semelhança aparente. Esses Psicólogos irão interpretar o processo de aplicação dessa técnica de forma diferente.
Não acreditamos, também, que orientações teóricas possam ser unificadas com o objetivo de se implementar procedimentos e técnicas de intervenção na Psicologia, até por que, além de todas as argumentações expostas nos quatro parágrafos anteriores, existe o fato de que um bom psicólogo demora anos para se aprofundar nos pressupostos filosóficos e teóricos e saber utilizar corretamente técnicas e protocolos de observação. A graduação não passa nem perto de aprofundar esses conhecimentos. Bons psicólogos geralmente fazem cursos de formação e especialização em suas respectivas áreas teóricas e aplicadas para só depois sentirem-se seguros no que fazem. Alguns acreditam que precisam até mesmo de um mestrado e ou doutorado para se reconhecerem como Analistas do Comportamento ou Psicólogos Cognitivo-Comportamentais. Simplesmente não há tempo suficiente para aprofundar os estudos em orientações teóricas divergentes na vida de um ser humano normal...Todos precisamos comer, dormir, namorar e tomar banho, né?
As consequências do ecletismo teórico para a Psicologia enquanto profissão são devastadoras e assombrosas! Psicólogos que se baseiam em várias orientações teóricas para exercerem sua profissão mentem para si, para colegas, chefes e clientes. Psicólogos ecléticos acabam realizando intervenções pontuais e superficiais quando atuam, por que o entendimento e uso correto de um técnica perpassa pelo reconhecimento de que função ela terá no processo geral de intervenção e sem uma base teórica sólida isso é simplesmente impossível! Acabam sendo ineficazes por natureza,pois utilizam diversos parâmetros de avaliação para o seu trabalho...Quando os utilizam, né? Como saberiam se uma intervenção foi eficaz e consequentemente se devem alterá-la se por vezes utilizam os parâmetros de avaliação do uma orientação teórica e por vezes utilizam os parâmetros de avaliação do outra orientação teórica?
Com relação ao desenvolvimento da Ciência temos que lembrar que sendo eclético o profissional não dispõe de tempo de se debruçar nos estudos de um prática a ponto de criticá-la e propor aos pesquisadores mudanças nos rumos das investigações. A área aplicada da Psicologia deve servir como teste das proposições obtidas em pesquisas, mas isso quase nunca é feito na nossa área. Imaginem como isso seria possível na Psicologia eclética? As falhas de comunicação entre pesquisadores básicos, aplicados e profissionais é uma das barreiras para o desenvolvimento científico da Psicologia e o ecletismo teórico, por sua vez, impede o aprofundamento das discussões e o detalhamento dos processos devido à sua superficialidade inerente. Uma boa ciência deve caminhar para a síntese não ficar somente na análise e para isso é essencial o aprofundamento nos estudos e investigações.
Não é demais lembrar que existe uma grande diferença do psicólogo que se utiliza de várias orientações teóricas para embasar sua prática de um psicólogo que utiliza-se de várias técnicas, procurando entendê-las e utilizá-las a luz de sua orientação teórica. É o primeiro o objeto de análise do presente texto.
Podemos concluir que o que existe de comum entre os psicólogos que se utilizam, ou dizem se utilizar, de várias orientações teóricas diferentes é o egoísmo, a incompetência e o descompromisso com o desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência e profissão.
Referência Bibliográfica
Guilhardi,Hélio José, et al. Sobre comportamento e Cognição: expondo a variabilidade.1ª ed. Santo André, SP: ESETec Editores Associados,2005.v.15. 456 p.
GRUPO: PSIQUE EM CONSTRUÇÃO
Assinar:
Postagens (Atom)